sexta-feira, 13 de março de 2009

Vem aí a terceira onda www da Internet


World Wide Web comemora hoje 20 anos de criação.


Rafael Capanema/Folha de São Paulo

Durante a concepção da WWW, que comemora 20 anos nesta sexta-feira (13/03/09) em um evento na Suíça, Tim Berners-Lee e Robert Cailliau imaginavam que ela atingiria a onipresença de que desfruta hoje?

"Sim, senão não a teríamos chamado de World Wide Web [rede mundial] antes mesmo de ter qualquer código em funcionamento", responde Cailliau à Folha.

Cailliau é o cientista computacional belga que auxiliou o colega inglês Tim Berners-Lee na audaciosa empreitada.

A web nasceu na Suíça, no laboratório onde trabalhavam os dois cientistas, a Cern (Organização Europeia de Pesquisa Nuclear) --centro responsável também pelo LHC (Grande Colisor de Hádrons).

Em março de 1989, Berners-Lee escreveu "Information Management: A Proposal" (gerenciamento de informação: uma proposta), em que apresentava sua ideia: um conjunto de documentos de hipertexto interligados, acessíveis pela internet. Coautor da proposta, Cailliau atuou para viabilizar o projeto dentro da instituição e angariar recursos para seu desenvolvimento.

É comum a confusão entre internet e World Wide Web, que não são a mesma coisa. Sistema global de comunicação de dados, a internet remonta à década de 1960 e tem a WWW como um de seus serviços.

Por meio de páginas interligadas, que combinam texto e imagem, a WWW democratizou o acesso à internet, antes restrito ao círculo acadêmico.

Em fins de 1990, Berners-Lee já tinha desenvolvido todas as ferramentas necessárias para o funcionamento da rede: o protocolo HTTP (HyperText Transfer Protocol), a linguagem HTML (HyperText Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o primeiro navegador (chamado WorldWideWeb) e, ainda, as primeiras páginas -blocos ainda rústicos de textos e links, que explicavam o funcionamento da própria WWW.

Mas a popularização da web só se consolidou em 1993, com o lançamento da versão 1.0 do navegador Mosaic, criado pelo estudante de computação norte-americano Marc Andreessen. O programa inovou por ser totalmente gráfico, tornando a navegação na rede mais amigável e acessível.

Em 1994, o Mosaic virou software comercial e foi rebatizado como Netscape Navigator. O programa foi líder absoluto do mercado até ser esmagado pelo concorrente Internet Explorer, da Microsoft, durante a guerra dos navegadores.

Para organizar a quantidade de informação na rede em crescimento vertiginoso, surgiram diretórios de sites e mecanismos de pesquisa como Yahoo! e Altavista --que foram suplantados, mais tarde, pelo Google, cujo nome deixou de ser sinônimo de buscador eficiente para representar a hoje gigante empresa que oferece uma vasta gama de serviços on-line.

Em meados da década de 1990, o Brasil plantava suas primeiras sementes na rede, com o lançamento de sites como o portal UOL, do Grupo Folha, e o buscador Cadê?.

Quando ficou evidente o potencial de geração de lucro na web, foram investidos milhões de dólares em sites supostamente promissores. Mais tarde, porém, boa parte deles mostrou-se inviável economicamente. O fenômeno gerou perdas igualmente milionárias, na chamada bolha do pontocom, que estourou em 2000.

Fonte: Folha Online


"Web 2.0 é frustrante", diz criador do "www"

Marina Lang/Folha Online

Tim Berners-Lee, criador do sistema "www" (World Wide Web), considera "frustrante" a web 2.0, termo utilizado para descrever o movimento que enfatiza o conteúdo colaborativo gerado entre internautas em sites e redes sociais. Em visita ao Brasil, Berners-Lee defendeu a evolução para uma web 3.0, que promete ser uma "revolução semântica" na rede.

"O usuário precisa ter mais controle na internet. A web 2.0 é frustrante porque não é possível usar a vasta quantidade de informações do sistema", afirmou, durante participação na Campus Party, evento de tecnologia que acontece em São Paulo. "Há coisas fascinantes na internet. Ela deve servir como melhoria de vida à humanidade em termos de conhecimento."

Berners-Lee diz que a web 3.0, mais interpretativa, possibilita o direcionamento de informações para contatos específicos, por exemplo.

"Quando vejo a humanidade em rede, penso que determinadas informações têm de ser públicas, mas deve haver o poder do usuário para distribuição ou não das suas informações. Talvez isso mude no futuro", afirmou.

Basicamente, a diferença web 2.0 e sua sucessora é a arquitetura de desenvolvimento. Na web 2.0, todos podem ser editores, a partir da criação da sua própria mídia pessoal. Mas, segundo ele, não existe uma filtragem útil e inteligente do grande volume de conteúdo gerado.

Daí surge a ideia de internet "semântica", uma "terceira onda" que possibilita a organização e o uso de maneira mais inteligente de todo o conhecimento já disponível na internet.

Quanto à regulação do uso da internet para combate a crimes, Berners-Lee afirma que a internet deve ter "neutralidade". "Não conheço a legislação brasileira, mas além de bons servidores, sou a favor de que não se monitore, que a web seja um ambiente neutro". Outro ponto defendido por ele é a ampliação de ambientes acadêmicos na internet. "O website deve ser analisado academicamente, tanto pelos aspectos técnicos quanto pelos sociais".

Questionado sobre o que eliminaria na internet, ele foi taxativo: "As duas barras que acompanham o 'http'. Ganharia tempo. Mas o sistema de internet teria que ser redesenhado".

Fonte: Folha Informática

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